quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Elo fundamental








A Rede Andi Brasil acaba de lançar o projeto Comunicação para o Desenvolvimento que aposta na comunicação e na sensibilização da mídia para incentivar o desenvolvimento do semi-árido brasileiro - e em especial das crianças da região.


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Lançado no último dia 31 de janeiro, em Feira de Santana (BA), o projeto Comunicação para o Desenvolvimento, da Rede Andi Brasil, tem como foco as questões ligadas à promoção dos direitos das crianças e adolescentes que habitam o semi-árido brasileiro. O objetivo é pautar a região na mídia nacional e mudar a visão que o resto do país tem sobre a área.
O semi-árido abriga cerca de 11 milhões de crianças e adolescentes, em 11 estados, sendo nove deles no Nordeste brasileiro, segundo informações da própria Andi. A região apresenta os piores indicadores sócio-econômicos em relação à media nacional. Ou seja, os níveis de privação do semi-árido estão entre os mais acentuados do Brasil.
Para mudar esse quadro, a Rede Andi Brasil aposta na comunicação como uma ferramenta essencial para levar à opinião pública essa realidade e influir na criação de políticas públicas, além de cobrar o seu cumprimento. Segundo a secretária executiva da Rede, Ciça Lessa, pretende-se “tirar o semi-árido do semi-desconhecimento”.
Atualmente, muitas entidades já trabalham para o desenvolvimento da região. Ciça explica que a função do projeto é “trazer para esse complexo de projetos e movimentos que existem no semi-árido maior visibilidade e compreensão de como a chegar à mídia”. Ela também deixa claro que não é um trabalho de relações públicas para essas iniciativas, pois mantém uma independência. A intenção é somar ao que já está sendo feito.
“É um trabalho de mobilização em relação à temática. É como se fizéssemos um trabalho para a causa da criança e do adolescente. É uma diferença de postura, pois não estamos ligados a ninguém”, define a secretária executiva da Rede.
Outro princípio do projeto é dar visibilidade a bons exemplos, fortalecendo as iniciativas para o desenvolvimento do semi-árido. Ela lembra que tecnologias criativas podem contribuir para a melhor convivência na região, a exemplo do que fazem as cisternas que recolhem a água da chuva. Ciça considera a mídia um elo fundamental para lançar luz sobre esse tipo de iniciativa.
O projeto trabalhará cinco eixos principais. O primeiro é a qualificação e mobilização de jornalistas nas questões relativas ao semi-árido e ao seu desenvolvimento. O segundo, trabalhar com organizações sociais da região e as capacitar na área de comunicação para terem um melhor relacionamento com a mídia. Pretende=se também atuar junto aos cursos de jornalismo para dar uma formação que garanta uma visão do terceiro setor e social. O quarto eixo é levar grupos de jornalistas para conhecer os projetos desenvolvidos. E, por fim, produzir uma publicação reunindo todas as informações colhidas durante o projeto.
Com duração prevista de 12 meses, o projeto pretende, ao final, contribuir para a melhoria das condições de vida das 11 milhões de crianças e adolescentes que vivem no semi-árido, valendo-se da comunicação para colocar o tema na agenda não só da mídia, como dos governos e da sociedade brasileira.
Para o futuro, Ciça conta que haverá o monitoramento do que saiu na mídia a respeito do semi-árido a fim de medir o impacto da ação. “Queremos ajudar a construir na mídia uma nova visão do semi-árido e as suas possibilidades. Mostrar tecnologias que possibilitam essa vida com dignidade e sustentabilidade. Isso é importante para melhor defendermos as melhorias necessárias e incentivar políticas públicas”, revela.
Mariana Hansen




Fonte: RETS. Revista do Terceiro Setor